No dia 24 de julho, as
professoras Laurete Eckerleben e Liane welter, participaram do encontro Projeto
Educação Infantil 100% Inclusiva, na cidade de Cachoeira do Sul, onde receberam
as orientações para elaboração do Plano de Ação do projeto.
O Atendimento Educacional Especializado
e sua relação com a Escola
Comum: complementação? Substituição?
Parceria?
Mara
Lucia Sartoretto
O
progressivo aumento de alunos com deficiência, que, de uns anos para cá, vêm
ingressando na escola comum tem reforçado, no âmbito do sistema educacional,
uma profunda reflexão da escola e sobre seu papel de formação das futuras
gerações. Colocam-se assim, de forma candente, a necessidade e o instigante
desafio de a escola não apenas se preparar para absorver como normal essa nova
realidade e de como lidar positivamente com ela, mas, para além disso, de
entender que as diferenças na sala de aula podem se tornar um poderoso fator de
qualificação e de enriquecimento da prática pedagógica, desde que através de um
serviço de atendimento educacional especializado solidamente fundamentado e
eficiente, esses alunos possam ter sua necessidades específicas adequadamente
identificadas e atendidas.
Resultando
de uma longa e difícil caminhada de reflexão e de aprofundamento da questão, onde
se destacam as claras posições tomadas em congressos, conferências e convenções
internacionais, e primeira grande mudança em termos legais, no Brasil, veio com
a Constituição Federal de 1988, que, de forma corajosa e inequívoca, garantiu o
acesso de todas às turmas comuns do ensino regular.
Para
dar consequência prática aos princípios constitucionais, mais recentemente, a
Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, e a
Resolução nº 04, de 2 de outubro de 2009, do Conselho Nacional de
Educação, têm estabelecido, de forma
clara e irreversível, os parâmetros e os modos operacionais para a escola
pública matricular na classe comum alunos com deficiência e a eles oferecer as
condições de permanência e de aprendizagem, onde assume particular relevo a
tarefa atribuída ao que se convencionou chamar de atendimento educacional
especializado.
Muitas
são as barreiras que deverão ser enfrentadas para que o atendimento educacional
especializado e, consequentemente, o processo de inclusão de crianças e
adolescentes com deficiência se efetive na prática pedagógica e no ambiente
escolar como um todo. De qualquer forma, a articulação entre a educação
especial e a escola comum deve ocorrer em todas as etapas e em todos os níveis
de ensino, do básico ao superior, sem descaracterizar o que é próprio de cada
um desses níveis.
Para
oferecer condições adequadas de inserção no processo educativo formal, o ensino
especial oferecido através do atendimento educacional especializado nas salas
de recursos multifuncionais deve acontecer preferencialmente na mesma escola
comum em que o aluno estuda.
As
frentes de trabalho de cada professor são distintas: ao professor comum compete
o ensino das áreas do conhecimento e ao professor especializado cabe
complementar e suplementar a formação do aluno com conhecimentos e recursos
específicos que diminuam ou eliminam as barreiras que o impedem de cursar com
autonomia e independência as turmas do ensino comum.
... Por
isso, a escola que recebe e implanta uma sala de recursos multifuncional, deve
ter bem claro que não cabe mais utilizar o atendimento especializado para fazer
reforço escolar, resolver os problemas de aprendizagem, atender aos alunos com
deficiência no mesmo turno em que frequentam a sala comum, para não atrapalhar o
professor e seus colegas.
Esse
processo de mudança, porém, não obterá êxito se a responsabilidade pela sua
efetivação recair apenas sobre a pessoa do professor do atendimento educacional
especializado. Dentre todos os agentes da dinâmica escolar, o gestor escolar,
de modo especial, tem um papel fundamental no processo de implantação e
funcionamento adequado do serviço de atendimento educacional especializado e,
mais concretamente, das salas de recursos multifuncionais. A ele, junto com sua
equipe, cabe dinamizar, no dia-a-dia da escola, uma gestão escolar democrática
e incentivar uma prática pedagógica comprometida com a qualidade, e preocupada
mais em desenvolver habilidades e competências do que em armazenar, memorizar e
repetir informações, e que veja na diferença não um obstáculo, não um estorvo,
mas um convite à reflexão e à mudança.
Mas,
para que isso aconteça, será preciso, em primeiro lugar, garantir a formação
continuada e permanente do corpo docente visando à superação do paradigma do professor
quadro-de-giz, giz e saliva. Com relação aos professores que atendem alunos com
deficiências nas classes comuns, a equipe diretiva deve oportunizar- lhes tempo
para encontros com colegas do Atendimento Educacional Especializado, reuniões
com profissionais da saúde quando se fizer necessário, e, acima de tudo, um
espaço de interlocução entre todos os envolvidos no processo, onde se possa
refletir e discutir sobre os problemas que os afligem e as necessidades que
devem ser atendidas. Todas essas mudanças devem estar presentes no corpo do
projeto político pedagógico, e não como um mero apêndice.
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